sexta-feira, 25 de março de 2011

A Opinião do Outro



por Gustavo Guilherme
No espelho, sua mão direita é a esquerda de quem te olha no reflexo: um outro alguém, preso em um mundo onde tudo é ao contrário.
A necessidade de relacionar-se com alguém é divina – uma dádiva de Deus da qual é impossível fugir, pois não nos enxergamos a não ser no outro.
Quem me vê como eu sou, além Daquele que me criou? Na verdade, todo mundo, menos eu. A opinião alheia, que você e eu insistimos em dizer que não importa tanto assim, é necessária para que exista comunicação e comunhão, estas duas, como unha e carne, em união.
Chame de liberdade o fato de poder dizer, escrever, cantar ou viver qualquer coisa, de qualquer modo, sem pudor, piedade, sanidade ou preocupação. Mas eu vou sempre preferir chamar esta libertinagem de ingenuidade nociva. A aprovação do outro é tão necessária quanto a minha própria – a diferença está no orgulho ferido quando este outro alguém nos critica, mesmo que a crítica seja para nos edificar de alguma forma.
A sua vida passa diante dos olhos do outro. É ele quem te vê sorrir, chorar, beijar, amar, sofrer, vencer, perder, mentir e se arrepender. É dele o dom de te dar a mão quando necessário. É dele também o direito de recusar ser seu companheiro durante os mais tenebrosos vales.
A unidade desafia a altivez dos que têm o fraco pensamento de que a liberdade de se expressar faz de sua vida e de seus argumentos intocáveis. No entanto, a humildade da comunhão produz conquistas à longo prazo.
Eis aqui meu eu, meus ais, meus fardos e uma vontade de prosseguir contigo ao longo do caminho estreito. Só não me falta a falta que você me faz, seja você quem for.



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